2º Semestre

A Memória

 A memória é a capacidade de armazenar, adquirir e recuperar as informações guardadas no cérebro, quando estas são necessárias. No entanto, é de referir que a memória não é como uma foto da realidade, isto é, a memória não é perfeita e muitas vezes recorda momentos de uma forma errada, porque parte da informação vai sendo perdida ou misturada com conceitos como a nossa cultura, educação, humor, motivação, etc.

 A memória está associada a quatro processos, a codificação, o armazenamento, a recuperação e o esquecimento. Esta divide-se em três tipos principais, que se podem subdividir noutros tipos.

Memória sensorial- Este tipo de memória é perdida por não lhe ser prestar muita atenção, o que lhe dá uma duração de poucos segundos.

Memória de Curto Prazo- Diz respeito à memória guardada durante um período limitado de tempo e que possui a capacidade de ser elevada a memória de longo prazo se for repetida muitas vezes, caso contrário, é esquecida.

Memória imediata- Um tipo de informação que é guardado apenas durante cerca de 30 segundos.

Memória de trabalho- o tipo de informação que é mantida enquanto é útil.

Memória de Longo Prazo- O tipo de memória que se mantém na mente durante mais tempo, podendo durar horas ou até mesmo uma vida inteira.

Memória Declarativa- Depende da consciência do passado e está associada a conteúdos que podem ser declarados por estarem relacionados a imagens, frases, palavras, etc. Está dividida entre Semântica (conhecimento geral sobre o mundo, as leis da química, factos históricos, fórmulas de matemática, etc) e Episódica (conhecimento de faces de pessoas próximas, factos e experiências pessoais, etc).

Memória Não Declarativa- Memória automática associada a "saber fazer", esta é a memória que inclui informação sobre andar de bicicleta, lavar os dentes, conduzir um carro, etc.


Aprendizagem

 A aprendizagem é a alteração e adição dos nossos conhecimentos de uma forma duradoura e estável e está relacionada com capacidades adquiridas como resultado da observação, estudo, treino, etc. Deste modo, a aprendizagem é um processo cognitivo essencial à adaptação ao meio e por ser dependente da memória não é sempre correta, o que pode levar à dissonância cognitiva (ter duas crenças contrárias na mente em simultâneo).

Aprendizagem simbólica/cognitiva

  • Latente, através de mapas cognitivos.
  • Aprendizagem social.
  • É o conhecimento que tem recurso a símbolos e a representações

Aprendizagem não simbólica/comportamental

  • Não associativa (modificação da resposta frente a um estímulo, não depende de múltiplos estímulos e está relacionada à habituação e sensitização)
  • Associativa (ligada ao condicionamento clássico e operante

Habituação e Sensitização

 A habituação consiste em aprender a ignorar um estímulo de modo a focarmo-nos no que realmente interessa. A sensitização está associada à preparação ou reação a um estímulo prejudicial, por exemplo, ficarmos mais ativos ao ouvir o disparo de uma pistola.

Condicionamento Clássico

 É uma forma de aprendizagem descoberta por Ivan Pavlov. Ela consiste no conceito da reflexo condicionado, um tipo de resposta que deriva da associação de um estímulo neutro (não produzem resposta) a outro incondicionado (não aprendido), provocando uma reação que antes não se verificava. Por exemplo, ao fazer cães associar o som de uma campainha a comida, os cães vão começar a salivar quando ouvem a campainha, mesmo que não venha acompanhada de carne.


Condicionamento Operante

 Thorndeke criou a lei do efeito, aqueles conhecimentos que trazem recompensar são mantidos e aqueles que não o trazem são esquecidos, mais tarde, Burrhus Skinner aprofundou esta ideia.  Um exemplo desta lei é a "caixa de Skinner", uma caixa onde se colocava um rato que, ao acionar uma alavanca por acaso, recebia comida, o que o fazia começar a premir a alavanca sucessivas vezes para se alimentar.

 Deste modo, este tipo de condicionamento depende dos seguintes conceitos:

  • Reforço- estímulo que traz consequências positivas e aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. Este pode ser positivo (estímulo com consequências agradáveis, por exemplo, premir a alavanca para obter comida) ou negativo (eliminação de um estímulo que permite evitar situações dolorosas, por exemplo, ao fazer um rato ter que premir uma alavanca para evitar levar choques, este vai premir a alavanca várias vezes)
  • Castigo- Em vez de reforçar uma determinada ação, faz com que esta deixe de ser realizada, por exemplo, receber multas por acelerar na estrada. Também pode ser dividia em castigo positivo ou negativo.

 Existe também um outro tipo de reforço, o reforço intermitente que está relacionado à incerteza, à chance imprevisível de ganhar/acertar que nos faz, por exemplo, continuar a jogar jogos de probabilidade.

 Outros tipos notáveis de aprendizagem são a latente (existem conhecimentos que são interiorizados para mais tarde serem usados) e a por observação/imitação (a imitação de ações, ocorre principalmente nas crianças, quando estas copiam os pais).


A Inteligência

 A inteligência é um conceito muito difícil de se explicar e devido a isso têm sido criadas diversas teorias para a explicar ao longo dos anos. Algumas delas são:

  • Teoria Bifatorial da Inteligência- Esta teoria baseia-se na ideia de que ao longo da vida são desenvolvidos fatores específicos relacionados a uma determinada área do saber, cujo desenvolvimento estaria dependente do fator geral (o fator que influência tudo). Basicamente, esta teoria diz que ao nascer as pessoas possuem um fator geral muito ou pouco desenvolvido, que mais tarde vai ditar o desenvolvimento dos fatores específicos.
  • Teoria Multifatorial da Inteligência- Defende que a inteligência é adquirida, mas também que depende de 7 fatores inatos: compreensão verbal, fluência verbal, fluência numérica, fluência espacial, memória, velocidade percetíva, raciocínio.
  • Teoria Triárquica da Inteligência- A inteligência é uma súmula de 3 inteligências: criativa, prática e analítica.

 Apesar desta discórdia entre o que é a inteligência, é certo afirmar que existem alguns fatores que a afetam. Estes são o meio, a hereditariedade, idade, cultura e expectativas.

 A inteligência pode ser quantificada através do QI (quociente de inteligência). Algumas das categorias dos níveis de QI são: 120 - 129: inteligência superior; 110 - 119; inteligência acima da média; 90 - 109: inteligência média; 80 - 89: abaixo da média.

Pensamento

 O pensamento depende de processos cognitivos conscientes e pode ser dividido em dois tipos o convergente (pensamento mais normal e igual aos demais) e o divergente (pensamento criativo, chegar a uma resposta de maneira diferente dos outros).


Emoções e Sentimentos

 As emoções são espontâneas, intensas e observáveis, por outro lado, são menos controladas e duradouras que os sentimentos e podem ser divididas em sete tipos universais. As emoções são desencadeadas por um acontecimento, pessoa ou situação, que é objetivo de uma avaliação cognitiva nem sempre consciente.

 Enquanto que, os sentimentos são menos observáveis, mas mais interiores e duradouros, pois resultam da intelectualização das emoções. Um exemplo da relação entre emoções e sentimentos é o afeto, pois este pode evoluir para uma paixão.

  • Afeto- sensação subjetiva imediata em relação a algo ou alguém que orienta o comportamento. Pode evoluir para amor e amizade e transmitem-se através das emoções. Nós somos influenciados pelos outros na criação dos nossos afetos e vice-versa.
  • Emoções primárias- as sete categorias de emoções universais, a tristeza, medo, alegria, surpresacólera ou aversão. Estas nascem connosco e existem em qualquer cultura.
  • Emoções secundárias- também chamadas de sociais, são as emoções da vergonha, culpa, orgulho ou ciúme. Surgem mais tarde com a experimentação da vida.
  • Emoções de fundo- constitui o bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.

Componentes das emoções

  • Cognitiva- Quando tomamos noção de um facto que desperta as nossas emoções.
  • Fisiológica- Incluí as manifestações corporais quando sentimos uma emoção, ainda que não nos apercebemos dela.
  • Comportamental- Conjunto de comportamentos que são tomados quando sentimos emoções face a um outro sujeito.
  • Avaliativa-  Quando realizamos uma avaliação da situação.
  • Subjetiva- O que se sente interiormente e subjetivamente. Só o sujeito tem acesso a esta informação.
  • Expressiva- Expressões corporais, principalmente faciais, que transmitem as nossas emoções a outros sujeitos.

Perspetivas sobre as emoções

 Ao longo do tempo, principalmente com o surgimento da psicologia, têm-se criado teorias que visam explicar as emoções, como estás surgem, como são influenciadas, qual o seu papel, etc. Estas perspetivas servem como respostas para estas perguntas, ainda que de maneiras diferentes e que entram por vezes em algum conflito. No entanto, cada uma delas está certa em algum ponto e podem ser usadas para explicar os variados fenómenos emotivos.

Perspetiva evolucionista

  • Baseada nas investigações de Darwin e em alguns estudos mais modernos.
  • Distinção de seis emoções universais/primárias.
  • Considera que as emoções surgiram como adaptações dos seres humanos, porque são uma espécie social. Logo necessitavam destas ferramentas para comunicarem entre si sobre o que sentiam utilizando, por exemplo, as expressões faciais.

Perspetiva Fisiológica

  • Teoria de William James, que atribui as emoções ao nosso próprio reconhecimento das nossas mudanças corporais face a certos estímulos.
  • Um exemplo seria, "Estou com medo porque corro e não estou com medo então corro".

Perspetiva Cognitivista

  • Defende que as nossas perceções, recordações e aprendizagens são fatores de ordem cognitiva que explicam os estados emocionais.
  • O modo como encaramos uma situação é que causa da emoção.
  • Um exemplo seria, "Eu sinto raiva porque interpreto a situação como algo ofensivo"
  • A interpretação dos acontecimentos é que depois me vai fazer ficar com medo, alegria, nojo, etc. De uma determinada situação.

Perspetiva Culturalista

  • As emoções são uma construção social e são aprendidas ao longo de processos como a socialização.
  • As emoções variam ao longo do espaço e do tempo, devido às culturas e à sua localização ou evolução.
  • As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que se podem manifestar e como as manifestamos.
  • Existe uma linguagem emocional reconhecida por todos os membros de uma determinada cultura.

 Mentes brilhantes da psicologia, como é o caso de António Damásio, desenvolveram pesquisas em relação às emoções. Neste contexto, Damásio tentou provar a sua querença de que o raciocínio e a emoção têm ambos influência na tomada de decisão, contrariamente ao que se pensava na época, pois se acreditava que as emoções serviam como algo contrário à ração e ao raciocínio.


 Damásio acredita que existem sim, situações em que emoções extremas perturbam a ação e que a emoção não substitui a razão, mas sim que ambas a emoção e a razão estão lado a lado na tomada de decisão. Este processo ocorre principalmente através dos marcadores somáticos, que são mecanismos automáticos na escolha da decisão, sendo mais rápidos que a razão e evitam que analisemos demasiado uma situação. Estes mecanismos funcionam devido às recordações de experiências emocionais já vividas, isto é, recorre às recordações que temos das emoções que sentimos em situações parecidas à em que nos encontramos.


Relações Interpessoais

  O tópico das relações interpessoais levanta questões como: o que pensamos sobre os outros, o que os outros pensam de nós, como aceitamos a opinião dos outros, como os outros modificam a nossa opinião, etc. Estas relações definem muito do que nós somos, de como agimos face aos outros e do que pensamos sobre estes. Elas são principalmente baseadas nos dois seguintes conceitos:

Cognição Social- Método pelo qual formamos impressões, atitudes e convicções sobre os outros.

Interação Social- Como os outros nos influenciam e como somos influenciados pelos outros.

 Ao nível da cognição, esta possuí alguns processos como:

 As Impressões

 "Imagem" construída desde o primeiro encontro que temos com alguém (primeiras impressões), quando selecionamos alguns aspetos que consideramos mais significativos. As impressões afetam o modo como vamos interagir com a mesma pessoa no futuro. Dependem de indícios físicos (características físicas de uma pessoa, se é gorda, magra, loura, morena, etc), verbais (modo de falar e o vocabulário usado), não verbais (como uma pessoa está vestida, como se sente, etc) e comportamentais (comportamentos de uma pessoa que podem ser identificados de maneiras diferentes por pessoas diferentes).

 As Atitudes

 Predisposições ou tendências relativamente estáveis para responder de modo favorável ou desfavorável a um determinado objeto social, pessoa, grupo ou acontecimento. Estas são construídas ao longo da vida e dependem de principalmente três componentes, a cognitiva (conjunto de ideias, informações e crenças consideradas verdadeiras que se tem sobre um dado objeto social), afetiva (valores e emoções relativamente a um objeto social) e comportamental (reações e respostas feitas a um objeto social). Estas são também influenciadas pela escola, grupo de pares, redes sociais e familiares.

 As Expectativas

 Previsão que fazemos sobre alguém, após o analisarmos e o incluirmos em, por exemplo, um determinado grupo social. Estas são mútuas, isto é, enquanto formamos expectativas em relação aos outros, estes também as formam em relação a nós.

 As Representações Sociais

 Conjuntos de explicações, crenças e ideias que são aceites e partilhados por determinados membros de uma sociedade. Sendo, portanto, um produto de interações sociais que regulam os comportamentos.


Influência Social

 O ser humano é uma criatura social, nós evoluímos juntos uns dos outros em grupos e em comunidades. Foi através desta ajuda mútua que conseguimos evoluir até onde estamos hoje, pois, sem esta, não seria possível que seres vivos tão frágeis fisicamente para o nosso tamanho como nós, conseguissem evoluir até se colocarem no topo da cadeia alimentar. Devido a isto, o ser humano tornou-se suscetível aos fatores de influência social, que são manipulados principalmente por três fatores:

Normalização

 Constituí um processo de criação e integração de normas (regras sociais básicas que estabelecem o que se pode ou não fazer em determinadas situações e que orientam o comportamento em sociedade) para interagir em sociedade. Estas normas são interiorizadas ao longo do processo de socialização e são a expressão da influência social. Muitas vezes não pensamos nestas regras e agimos como se fosse por "Instinto".

 Os conjuntos de normais formadas por cada sociedade regem os comportamentos dos indivíduos desse grupo social, estes comportamentos são ditos uniformizados, porque são iguais. Esta uniformidade permite-nos prever o comportamento dos outros. É exigido pela sociedade que as normas sejam cumpridas, pois, asseguram a estabilidade do grupo e permitem as interações entre os vários membros deste, quando estas não são cumpridas o indivíduo pode ser posto de parte.

Conformismo

 Forma de influência social que resulta na mudança do comportamento de uma pessoa face à pressão de um grupo. Esta é influenciada por alguns fatores como demonstrada pelas experiências de Asch, sendo estes:

  • A Unanimidade de Grupo- quando alguém começa por expor uma opinião ou resposta diferente da dos outros membros do grupo, nós ganhamos mais confiança e segurança de também revelarmos a nossa opinião.
  • A Natureza da Resposta- a pressão do conformismo aumenta quando a resposta é dada publicamente, isto é, quando as respostas não são dadas secretamente e são expostas ao grupo todo, nós sentimos uma maior dificuldade de expor a nossa crença.
  • A Ambiguidade da Situação- quando não temos a absoluta certeza de que temos razão, somos mais suscetíveis a seguir a opinião do grupo, pois constituí a opinião de mais pessoas.
  • A Importância do Grupo- se o grupo em que nos encontramos for atrativo temos uma maior probabilidade  de ceder ao conformismo.
  • A Autoestima- as pessoas com maior autoestima normalmente são mais independentes e confiam mais nas suas opiniões e juízos, portanto cedem menos face à pressão de grupo.

Obediência

 A tendência que o ser humano tem de se submeter a normas e cumprir instruções definidas pela sociedade ou pelos nossos superiores. O fenómeno da obediência acontece, por exemplo, quando as pessoas não se sentem responsáveis pelas ações que efetuam, pois foram ordens dadas por uma figura de autoridade e, portanto, estes é que são responsáveis por elas. Esta é também influenciada por quatro aspetos: a proximidade à figura de autoridade, a legitimidade da figura de autoridade, a proximidade da vítima e a pressão de grupo.

 Este fenómeno explica algumas das atrocidades cometidas na segunda grande guerra a vários grupos étnicos, já que até muitos dos soldados que as cometeram disseram que estavam apenas a seguir ordens dos superiores.

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